segunda-feira, 10 de maio de 2010

Crítica: A Malvada (All About Eve, 1950)

Por:Dimitri Yuri

"A Malvada" é o tipo de filme que surpreende você, não por causa de efeitos especiais ou algo parecido, mas pelos elementos que todos os filmes tentam ter, uma grande direção, um roteiro excelente(um dos melhores já feitos) e grandes atuações por todo o seu elenco. Mexe com o mundo do teatro e o estudo de seus personagens tão bem, que te mostra o potencial do cinema realmente bem feito.

Margo Channing(Bette Davis) é uma atriz da Broadway, que não precisa provar para mais ninguém o seu talento, pois ela já tem reconhecimento internacional, e muitos fãs. Até que ela, o escritor da peça Lloyd(Marlowe), o diretor da peça Bill Simpson(Merrill) e a amiga de Margo, Karen(Holm), conhecem Eve Harrington(Baxter), uma suposta fã da atriz, que faz amizade com ela e vai trabalhar em sua casa. Só que Margo começa a perceber coisas estranhas com a garota, ela parece ter um ambição escondida, um segredo. Mas enquanto Margo tenta provar para os outros que Eve é malvada, ela mesmo acaba se confundindo e achando que está paranóica.


Logo nas primeiras cenas, você pode ver um estilo incomum nesse tipo de filme, que não parece velho ainda hoje (Parece que ele foi muito inspirado no "Crepúsculo dos Deuses", mas na verdade ele foi lançado apenas um mês depois do filme de Billy Wilder). O enredo e bem intenso, e o trabalho da diversão fica para os diálogos e as atuações que agarram você na tela, e algumas citações deixam você sem palavras para descrever como elas são boas ("Fasten your seatbelts, it's going to be a bumpy night!" e muitas outras) , repleto de cenas memoráveis, como os diálogos entre Eve e Bill sobre o teatro, e a última cena (que é provavelmente é a melhor), são excelentes, e muito escassas hoje em dia.

O roteiro escolhe bons momentos para usar o Voice Over. Fora que a direção é ousada em algumas partes, usando montagens paralelas e etc. Mas no geral ela conserva as regras básicas. A direção e roteiro são de Joseph L. Mankiewicz, que também é responsável por "Julius Caesar" e "Cleopatra". A cinematografia por Milton Krasner também é bem planejada, com Eve sempre brilhando no início, dando aquele ar de pureza e inocência, enquanto Margo usava vestidos pretos, indicando uma obscuridade. Isso ajudou a nos enganar, sem parcer forçado. A trilha por Alfred Newman ajuda a dar aquele clima de glamour das peças da Broadway e do mundo dos atores em geral. Tecnicamente, o filme é quase perfeito.

A qualidade de todo o seu maravilhoso elenco é impecável, com exceção de breve aparição de Marilyn Monroe, que com três ou quatro linhas, pode mostrar que ela não está no mesmo nível de atuação do resto do elenco. Bette Davis é que, realmente se destaca (Embora George Sanders como DeWitt são quase tão bom quanto ela), ela é engraçada, e sabe onde mostrar suas emoções, e quando escondê-las. Mas Anne Baxter, Hugh Marlowe, Celeste Holm e Gary Merrill também merecem destaque. Alias, o elenco principal é perfeito.

Veredicto: Quase tudo funciona, e é um clássico que não deve ser desperdiçado

Nota:4.5/5

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