quarta-feira, 12 de maio de 2010

Crítica: Doze Homens e uma Sentença (12 Angry Men,1957)

Por:Dimitri Yuri

Como pode uma pessoa fazer um filme que é todo filmado em um único cômodo e nunca fica chato? Bem, pergunte para Sidney Lumet. Esse diretor, já demonstrando maturidade em seu primeiro filme, fez um clássico, um dos filmes mais aclamados de todos os tempos, com um quartinho, doze atores e um roteiro formidável.

O filme todo se passa em um único cômodo (não tem como revisar esse filme sem martelar nesse aspecto), uma sala de júri, onde eles tentam chegar a uma decisão. Mas enquanto todos os jurados estão convictos de que o réu é culpado, o jurado de número 8 (Henry Fonda) diz que ele ainda não está certo de sua decisão e acha que está errado decidir a vida de um homem sem ao menos haver uma discussão, isso provoca a maioria dos outros jurados, e enquanto todos eles tentam convencê-lo de que o acusado realmente cometeu o crime, eles mesmo começam a perceber que há espaço para uma dúvida razoável (O que faria com que a sentença certa fosse Inocente).


Em uma de suas primeiras cenas, onde haviam onze jurados votando culpado, e apenas um dizendo o contrário, eu pensei: "É impossível, não há nenhuma maneira que em apenas uma sala, um único homem consiga convencer os onze jurados que há uma dúvida razoável para não sentenciar o homem”, mas felizmente não é, você vai ver. E este é o elemento mais importante deste filme, caso contrário, todo mundo ia estar pensando: "Que idéia estúpida essa, de fazer um filme todo em um só cômodo, é um muito chato ", mas o roteiro é tão bem trabalhado que você não consegue desgrudar da tela. Sua divisão de atos foi muito bem adaptada para o formato do filme, com clímaxes ao final de cada ato e pausas, do jeito que tem que ser.

Não é justo tirar o méritos de suas atuações (Mesmo sabendo que o enredo é o mais importante no filme), que com a ajuda do excelente diálogo, construíram doze diferentes personagens sem nenhum deles ser uni-dimensional, e que representam diferentes tipos de pessoas na sociedade, há o ranzinza, tem aquele que só se preocupa em conseguir assistir ao jogo de futebol, o velho sábio e muito mais (um detalhe é que eles fazem isso sem os personagens serem clichés). Se eu for falar de todo seu elenco, vou gastar muito tempo, e vai ficar cansativo de ler, então só vou dizer que Henry Fonda e Lee J. Cobb (Os príncipais) merecem destaque, e vocês verão porque.

Este filme é o melhor exemplo de que cenas de ação e efeitos visuais não estão nem perto der ser o elemento mais importante de grandes filmes (é claro que existem exceções). Pois você termina o filme sentindo que foi uma experiência completa, e nele não há nem sequer uma mudança de sala, os ângulos de câmera são muito simples, e fluem perfeitamente. Algumas coisas não se aplicariam numa sala de juri (como apresentar nova evidência), mas você está tão preso na história, que isso não prejudica a experiência.

Veredicto: Você pode assistir a este filme uma dúzia de vezes, e você não vai encontrar uma dúvida razoável para não vê-lo de novo. Está em um nível superior de cinema e técnica narrativa, esse filme é necessário.

Nota:5/5

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