terça-feira, 22 de junho de 2010

Crítica: O Profissional (The Professional, 1994)

Por:Dimitri Yuri

Luc Besson, o mesmo que nos escreve porcarias como "Taxi" e "Carga Esplosiva 3", já teve a sua boa época, e dessa época, o melhor filme que nós tiramos é "O Profissional". Sua direção é aguçada e estilosa, dando um aspecto único ao filme. E mesmo o seu roteiro tendo algumas falhas, ele também nos surpreende muito como escritor aqui, nos apresentando uma história muito interessante e comovente.

O filme conta a história de Léon (Jean Reno), um meticuloso assassino de aluguel que não cria vinculos com ninguém (a praticidade que o protagonista tanto preza é ressaltada pelo fato dele escolher não um gato ou cachorro para criar, mas sim um planta). Os seus vizinhos são uma família bem desequilibrada. O pai está envolvido com drogas, a mãe se veste igual a uma prostituta, a filha mais velha é uma adolescente infeliz, o único que se "salva" ali é o menino mais novo, o caçula da familia, que está sempre na dele e não briga com ninguém. Mas o único membro da família que realmente importa é a não antes mencionada Mathilda (Natalie Portman), a filha caçula, e bem "madura" para idade dela (na primeira cena nós vemos o contraste de suas meias coloridas e o cigarro que ela fuma).

O pai da família acaba se complicando com o seu negócio de drogas, pois ele é acusado por Stanfield (Gary Oldman) de ter roubado um pouco da droga (pois antes ela estava 100% pura, e agora só 90%). O último é um sujeito muito peculiar. Meio autista, ouvindo sua música, mas também quando ele fala, é sempre histérico (algo totalmente aceitável para um homem que só vive em drogas pesadas). Após o pai de Mathilda dizer que ele não está envolvido nisso, Stansfield o dá um dia para descobrir o que aconteceu e quem o roubou. Esse dia passa, e ele volta com os seus capangas, entra na casa da família de Mathilda e mata todos eles, com a excessão dela, que saiu para comprar comida.

Isso leva a garota a bater na porta de Léon pedindo abrigo, pois se eles descobrirem que ela também é da família, provavelmente a matarão. Léon sente pena da garota e a convida para entrar. Depois de um dia na casa dele, Mathilda descobre que Léon é um assassino e pede para ele ensina-la a matar pois quer vingar a morte de sua família (em um momento ela diz que não liga para a morte do pai, da madrasta ou da irmã, só não se conforma com a morte do irmão, que é o único que ela realmente gosta). A princípio Leon hesita, mas ele acaba cedendo ao charme a garota e promete ensina-la a ler, desde de que ela o ensine a escrever. Uma grande amizade vai crescendo entre os dois conforme a história se desenrola...


O roteiro de Besson define bem os seus personagens com ajudar da fotografia de Thierry Arbogast. A composição de algumas cenas nos leva à um entendimento mais profundo sobre sobre o caráter das pessoas na história (por exemplo quando ele humanizam Leon ao o colocar em um cinema vendo um musical, feliz como uma criança em uma loja de brinquedos). A uma diferença narrativa entre as duas metades do filme, no início ele investe em diversos alívios cômicos (que funcionam) entre as ações, mas a partir da segunda metade, essas sequencia se tornam muito mais séria, pois agora Léon tem um vinculo com Mathilda (ou "criou raizes" como eles dizem no filme), logo, tem algo à perder. A única falha do roteiro é que as vezes em que Mathilda diz que ama Léon ou quando o pede um beijo são inapropriadas e até um pouco nojentas. A coisa piora quando eles dormem na mesma cama (algo que foi inteligentemente cortado da versão final).

A direção é também de Luc Besson. E eu posso dizer que ele acerta na maioria dos momentos, mas alguns cortes são forçados e tiram você da história. Uma vantagem é que ele sempre apresenta os seus personagens bem, já os definindo. Como já citado, Mathilda tem um cigarro na mão mostrando que ela é bem largada para uma criança (reparem o jeito que ela olha para Léon como se estivesse paquerando ele). Stansfield é apresentado de costas, revelando um sujeito misterioso e imprevisível, mas quando se vira, e histeria toma conta e ele sempre rouba a cena. Como eu já mencionei, eles apresentam Léon de modo que nós entendemos a rotina meticulosa dele, que consiste em fazer abdominais, limpar as armas e etc.

As atuações são muito boas. Natalie Portman é bem divertida, mas ela é um criança, e erra algumas vezes (principalmente por sempre tentar ser sensual, mas nunca tira nada de nós, pois nós ainda vemos uma criança). Mesmo assim ela nos impressiona em alguns momentos (como quando ela vê o pai morto no chão, se controla, e só depois desabafa chorando, ainda assim tomando cuidado para não ser percebida). Reno é como sempre, muito carismático, mas as vezes ele exagera nos trejeitos parecendo meio debilitado de vez em quando (e nos faz pensar: "Como esse cara é tão bom no que ele faz?"). Oldman comprova que é um excelente ator, sendo o personagem mais memorável do filme, e como eu já disse, rouba a cena toda vez que aparece.

Veredicto: Um filme de ação bem filmado e com uma história muito interessante. Possúi algumas falhas, mas os momentos bons consegue escondê-las.

Nota:4.5/5

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