terça-feira, 18 de maio de 2010

Crítica: A Lista de Schindler (Schindler`s List, 1993)

Por: Dimitri Yuri

"A Lista de Schindler" é o tipo de filme que, por causa de sua precisão histórica, poderia ser usado como um documentário. Por outro lado, também nos oferece uma história profunda e grandes performances de todo o seu elenco, principalmente a de Liam Neeson (que está entre as melhores de todos os tempos). E ainda tem o talento de Spielberg, colocando tudo acessível com uma tremenda elegância.

O filme conta a história de Oskar Schindler (Neeson), um vaidoso, glorioso e ganancioso empresário alemão que acaba se tornando um humanitário no período nazista da Alemanha, quando ele se sente obrigado a transformar sua fábrica em um refúgio para os judeus. O roteiro é baseado na história verídica de Oskar Schindler, que conseguiu salvar cerca de 1100 judeus de serem gaseados nos campos de concentração de Auschwitz.



Steven Spielberg tem um talento técnico como quase ninguém tem. Seus quadros são tão elegantes e objetivos que você sabe o que está acontecendo e onde está acontecendo (na última batalha de "O Resgate do Soldado Ryan", você pode perceber isso melhor), fazendo-nos sentir dentro do filme. Os massacres e cenas de assassinato são angustiantes porque parece que estão acontecendo com você. Já a idéia de fazer este filme em preto e branco dá um tom de realidade muito peculiar, dando a impressão de que o filme foi filmado durante a Segunda Guerra Mundial.

A trama, além de nos dar uma aula de história, mostra a incrível trajetória de Oskar Schindler - cuja personalidade transforma-se provavelmente na melhor coisa do filme - e é alimentada pelo desempenho extraordinário de Liam Neeson, que é simplesmente um dos melhores. Há também outros grandes personagens, como Stern(Kingsley), fazendo o inteligente e calmo judeu e Fiennes, como "Goeth", o alemão obcecado com o poder (embora tenha achado que seu sadismo foi exagerado em alguns momentos, como quando ele acorda e atira em um judeu com um rifle, apenas para se divertir) faz sua melhor performance até hoje. E a construção dos personagens foi algo muito bem feito, o que torna o final ainda mais poderoso, sendo uma das cenas mais comoventes da história do cinema.

O roteiro é muito bom também, pois estabelece o caráter de seus personagens desde o início e nos mostra claramente suas mudanças conforme a história de desenrola (você vê pelo menos três "Character Studies" excelentes no filme), seja por diálogos bem trabalhados ou por cenas de desgraça e agonia que, afinal, esse filme mostra como nenhum outro. No geral, é bem contido tanto no que diz respeito à direção quanto à atuação, tudo em nome da sensação de autenticidade que o filme tenta passar.

Veredicto: o melhor trabalho de Spielberg depois de "Tubarão" e "O Resgate do Soldade Ryan", com uma história comovente e precisa e um desempenho fascinante por Liam Neeson. Se não for o melhor, este filme é simplesmente um dos melhores filmes de holocausto já feitos.

Nota:4.5/5

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